Na casa de Miguel, todos têm celular, menos ele. Miguel era um pequeno garoto, inteligente e extrovertido, de apenas cinco anos e estava prestes a fazer seis no final do mês. Dos irmãos, ele era o caçula. Seu pai estava planejando dar de presente a seu filho um celular. Todos já tinham, menos o pequeno Miguel. Então, Fernando, prometeu-lhe um presente.
– Pai, posso dizer o que eu quero de presente? – perguntou Miguel.
– Pode, filho. – disse Fernando.
– Um livro! Eu quero um livro! – disse Miguel, com uma entonação animada e firme.
O garoto tinha certeza do que queria. É bem difícil uma criança decidir o que quer, dentre tantas coisas pra se querer. Mas Miguel queria um livro. Seu pai ficou surpreso com o pedido e disse que ia pensar. Fernando foi conversar com sua esposa, Cristina.
– O nosso filho quer um livro! Só que eu estava para lhe dar um celular. – disse Fernando.
– Oras! Dê o livro! Eu dou o celular a ele! – disse Cristina, empolgada e com uma voz decidida.
O pequeno Miguel estava ouvindo e gritou um “Não” para a fala da mãe.
– Eu quero um livro, mãe! – acrescentou ele.
– Mais outro livro? – perguntou sua mãe.
– Sim! Eu só quero livros, nada mais. – disse Miguel.
Chegou o aniversário do caçula e ele ganhou quatro presentes. O leitor já deve imaginar o que ele ganhou, mas eu hei de dizer. Quatro livros! O pequeno garoto ganhou um livro de sua irmã, do seu irmão e de seus pais. No próximo mês foi aniversário de seus irmãos. Ambos ganharam presentes e ambos pediram livros. Os seus pais ficaram surpresos.
– Isso começou com o Miguel! Vamos perguntar a ele o porquê do livro. – disse Fernando, olhando pra Cristina.
Eles entraram no quarto do garoto e lhe perguntaram o porquê do livro de presente.
– A leitura é importante para o nosso cérebro. A gente aprende coisas novas, palavras novas e assim a gente vai adquirindo conhecimento! – disse Miguel, fechando um dos livros.
– Mas você poderia ler no celular! – afirmou Fernando.
– Sim. Mas não seria a mesma coisa, não se compara um livro com uma máquina. O prazer de segurar o livro, de sentir seu cheiro, de apreciar cada palavra não se compara… Sem esquecer de fazer uma coleção! – disse o pequeno garoto, alegremente.
Os pais de Miguel ficaram impressionados com as palavras do caçula. No aniversário de seus pais, ambos pediram um livro de presente. Com o tempo e sem perceber, eles deixaram o celular de lado. A casa dos Silveira virou uma biblioteca de tantos livros e os celulares estavam se tornando obsoletos. Mas vale lembrar que quem começou tudo isso foi o pequeno Miguel.
Autor: Ruan Vieira
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