segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Angústias e Dores

Angústias e dores fazem parte de nossa vida, são necessárias, digo isso do ponto de vista de crescimento e amadurecimento. É inevitável não sentir dor ou angústia, o que muda é o como se lida com isso, como conviver com isso. Digo conviver, porque não se vence, muito menos, se combate as dores e as angústias. É preciso, portanto, compreender isso e enfrentar sempre que possível, mas ter cautela para não se frustrar, justamente por crer que tem capacidade de vencê-las ou aniquilá-las. O que se deve buscar é controle e aqui está o ponto em que se deve ter toda uma atenção. Você tem que educar seu filho ou sua filha pra dor e tem que ensiná-lo a lidar com ela. Como assim? Isso parece ruim de se ouvir, mas é justamente isso. Como lidar com a dor? Sentindo-a, resistindo a ela, não desistindo perante a ela. Como todos sentimos dor e passamos por ela em algum momento de nossa vida ou em “alguns momentos”, faz-se necessário ensinar, passar esse detalhe para os mais novos, os que estão vindo ao mundo sem preparo, tão indefesos, tão inocentes, vulneráveis, tendenciosos, é preciso educá-los pra dor, para as angústias, para as dificuldades. O que muitos pais pecam nesta contemporaneidade é em não preparar seus filhos para enfrentar o mundo. O que muito se faz hoje é mostrar apenas um lado da vida, o positivo, o de que “tudo são flores”, o de que basta ter pensamento positivo que você está apto pra viver, o que muito se faz é ensinar sobre sucesso, pouco se fala em fracasso, fala-se mais em otimismo, vencer, conquistar, ter, mostra-se apenas um lado da moeda. Isso é um equívoco e esse erro reflete no futuro. Você tem que falar sobre os dois lados da moeda, tem que ensinar a seu filho que a vida é uma roleta e que uma hora se está em cima, outra hora se está em baixo, tem que falar sobre fracasso. Porque na vida há tudo isso! A vida oscila e não é novidade, vejam, nós oscilamos e não é novidade. É isto! É sobre isso que tem que se falar. A mídia (refiro-me aos meios de comunicação) mostra uma vida plena, uma vida ideal (ou seria irreal?), uma vida bem sucedida, uma vida de sucesso e prosperidade, vende aparências, mas não te mostra o percurso espinhoso e dolorido que se tem que percorrer pra se chegar a algum lugar. É recorrente te mostrar vitórias, glórias e conquistas, mas onde está a luta? É urgente conversar sobre angústias e dores, sobre fracasso e perdas. O que se tem hoje de jovens despreparados pra vida é um absurdo, o tempo passa e muito se sabe, muito se vê, o quão despreparados, acovardados e inseguros estão os jovens. Isso é resultado de quê? De onde será que surgiu esse “monstro”? Vem desde a infância, vem de casa, da casa pro mundo, do mundo pra casa. Entende? Estão nos enchendo de promessas e mentiras e nós nos acomodamos. O fácil é tão confortável, a visão de que tudo vai dar certo, de que basta pensar positivo e escrever num papel o que deseja que tudo vai acontecer... Isso é tão confortável. Mas e a realidade? O que precisa ser feito? A gente sonha, sonha, mas não tira os pés do chão, como vamos chegar ao céu? Tem-se que ensinar que a vida é luta, que a vida é uma luta constante entre “você e você” e “você e o mundo”. Tem que falar pro seu filho que na vida nem sempre a gente ganha, que nem tudo é tão perfeito, tem que falar que às vezes vão haver falhas, mas que isso faz parte do processo. Tem que ensiná-lo a ser obstinado, mas falar que às vezes a obstinação vai faltar, tem que falar sobre sucesso, mas tem que ensiná-lo que nem tudo está no nosso controle, mas não significa que não é alcançável. Tem que educá-lo para o sofrimento e para os maus momentos e não só para a felicidade e os bons momentos. Tem que ensiná-lo a lidar com os dois lados, não vender um lado da vida e jogá-lo ao mundo, tem que prepará-lo para as dores e angústias. 

Por Ruan Vieira

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