domingo, 24 de abril de 2022

Dores existenciais

A dor é sua? A dor é minha? Só você sente? Só eu sinto? Afinal, o que nos leva a se colocar acima do outro, pondo nossa dor acima, como se fôssemos o único a sentir dor? O que te leva a crer que sua dor é especial? "Só sabe quem sente", "Não é você que está sentindo", "A dor é minha", essas e outras são frases corriqueiras, comuns a quase todos nós. Quando estamos enfrentando nossa(s) crise(s) existencial(ais), tudo tem que girar ao nosso redor. Isso não é frescura. É puro egoísmo. Quem nunca foi ou não é egoísta, que atire a primeira pedra. Principalmente quando sente-se ameaçado ou simplesmente frustrado. O mundo gira em torno de vós? Talvez, alguém num momento de dor existencial, sinta que quem está ao lado é uma máquina e não compreenda e que, inclusive, também não tenha seus maus momentos... Não é de se admirar. Não é. Estou falando de seres humanos. Somos apenas humanos. É de nossa natureza a autopreservação, a mentira, o egoísmo, essa tendência de pensar somente em si, sentir-se o centro do mundo. Mas posso dizer que só quem nasce feliz é que não sentirá tristeza. Todavia, quem é que nasce feliz nesta vida? Quem é que não sente tristeza? Felicidade é relativa. Penso eu que até seja, numa certa perspectiva, individual. Mas o sofrimento é coletivo. Como assim? Nem todo mundo é feliz, mas todo mundo é triste. Em outras palavras, todo mundo passa pelo sofrimento, todo mundo sofre. Mas perceba, isso acontece numa certa coletividade, o sofrimento não faz acepção de pessoas, não importa se você é o homem mais rico do mundo ou o mais pobre, você vai sentir dor, vai ficar triste, vai sofrer. Já a felicidade, desconfio, nem todo mundo a encontra, sente-a. Não existe fórmula para a felicidade, do contrário todo mundo seria feliz, inclusive o tempo todo, ou melhor, pro resto da vida, bastaria apenas ter a fórmula. Oras, todo mundo tem seus problemas, feridas abertas, feridas cicatrizadas, todos sentem dor. Você não é o(a) único(a), eu não sou o único. Afinal, não existe só você no mundo. "O problema é seu?", "Ninguém pode te ajudar?", então tudo bem. Mas o que te leva a encher a boca depois e dizer que ninguém te ajudou? Qual o prazer ou que sentido isso tem pra você? Será que ninguém te ajudou ou você não aceitou a ajuda? Sobre solidão... Renato Russo já dizia que "o mal do século é a solidão..." e quem te disse que se vive sozinho(a)? Neste mundo, ninguém vive sozinho. Nós não nascemos para isso, precisamos estar em contato, é inevitável. Você pode até se sentir sozinho e o questionamento é se a solidão que sente está no fato de o mundo não te notar ou você não se encaixar no mundo. Mas aqui outra pergunta surge, por que diabos o mundo teria que se encaixar a você? Por que sua solidão é tão especial assim? A gente não vive sozinho, a gente se sente sozinho, é diferente. Olha ao redor, vivemos rodeados de seres vivos; "ou mortos..." Que solidão é esta? Ela parte de você para o mundo ou vem do mundo para você? Em outras palavras, é uma questão que parte do interno para o externo ou vem de fora para dentro? Todo mundo se sente só algum dia. A dor não aponta os dedos para quem será o(a) próximo(a), o sofrimento vem, a tristeza vem, os maus momentos, as crises existenciais... O que te leva a pensar que a dor escolhe quem vai ferir mais ou menos? Não somos fortes. Isso é uma puta mentira. Essa história de buscar ser forte o tempo todo, querer ser forte, mostrar que é forte... não passa de uma mentira, de puro fingimento, não existe isso, estamos falando de seres humanos aqui, não de máquinas. Somos movidos pela emoção. Se nosso emocional não está bem, nada estará bem. Isso é matemática básica da vida. Não tem pra quê fingir ser forte. Por quê? Porque não altera a realidade de sermos fracos. Sem excessão.

Por Ruan Vieira

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